Bruenque.com.brMUNDO“Brasil não vai baixar a cabeça”: Lula reage com firmeza ao tarifaço de Trump e promete retaliação proporcional

“Brasil não vai baixar a cabeça”: Lula reage com firmeza ao tarifaço de Trump e promete retaliação proporcional

A crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos ganhou novos contornos após o presidente norte-americano Donald Trump anunciar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados pelos EUA. A medida, que entra em vigor em 1º de agosto, foi comunicada por meio de uma carta pública endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada nas redes sociais.

Em entrevistas concedidas na noite de quinta-feira (10) ao Jornal Nacional, da TV Globo, e ao Jornal da Record, Lula reagiu com firmeza. “É inaceitável que o presidente Trump mande uma carta pelo site dele e comece dizendo que é preciso acabar com a caça às bruxas”, disse, em referência à defesa de Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado.

“Eu que deveria taxar ele”

Durante as entrevistas, Lula rebateu a justificativa econômica de Trump para o tarifaço. “O presidente Trump está muito mal-informado. Nos últimos 15 anos, o déficit para o Brasil é de 410 bilhões de reais entre comércio e tarifas. Eu que deveria taxar ele”, afirmou ao Jornal Nacional.

No Jornal da Record, Lula foi ainda mais direto: “Se ele vai cobrar 50% de nós, nós vamos cobrar 50% dele”. O presidente reforçou que o Brasil não tomará decisões precipitadas, mas que responderá à altura caso não haja acordo. “Eu não perco a calma e não tomo decisão com 39 graus de febre”, ironizou.

Reação diplomática e ida à OMC

Lula também anunciou que o Brasil recorrerá à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar a legalidade da medida americana. “O Brasil não vai baixar a cabeça, vamos brigar em todas as esferas para que não venha a taxação. Se não tiver jeito no papo, vamos estabelecer a reciprocidade. Taxou aqui, vamos taxar lá”, afirmou.

O presidente destacou que o comércio com os EUA representa apenas 1,7% do PIB brasileiro e que o país tem capacidade de diversificar seus parceiros. “O Brasil gosta de negociar, não gosta de contencioso. Mas se ele ficar brincando de taxação, vai ser infinita essa taxação. Nós vamos chegar a milhões e milhões e milhões de taxa”, alertou

Soberania em jogo

Para Lula, o cerne da questão vai além do comércio. “O Brasil é um país soberano com instituições independentes. Não aceitaremos ser tutelados por ninguém”, afirmou. Ele também criticou a tentativa de Trump de interferir no Judiciário brasileiro. “Se ele tivesse feito aqui o que fez no Capitólio, estaria sendo julgado também. Aqui a lei vale para todos.”

O presidente reforçou que respeita a soberania dos EUA e espera o mesmo em troca. “Eu não quero saber se ele gosta de mim ou não. Ele foi eleito pelo povo dele, e eu fui eleito pelo meu. Educação é bom e a gente gosta de receber.”

Polarização política e críticas à oposição

A crise também acirrou os ânimos no Congresso. Lula criticou duramente a atuação de Eduardo Bolsonaro, que está nos EUA pedindo apoio a Trump. “O ‘coisa’ mandou o filho, que era deputado, se afastar da Câmara para ir lá, ficar pedindo: ‘Ô Trump, pelo amor de Deus, salva meu pai’. É preciso que essa gente crie vergonha na cara”, disparou.

Parlamentares da base governista acusaram Eduardo Bolsonaro de “traição à pátria” e estudam pedir sua cassação. Já bolsonaristas celebraram a medida de Trump e acusaram Lula de deteriorar as relações com os EUA.

O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) anunciou que vai pedir a cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro, que está nos EUA pedindo apoio ao pai. “Esse cara é um traidor nacional”, afirmou.

Brics e nova ordem comercial

Lula também negou que a atuação do Brasil no Brics tenha motivado a retaliação americana. “O Brics é um agrupamento que trabalha em prol do sul global. Nós cansamos de ser subordinados ao norte”, disse. Ele voltou a defender a criação de uma moeda comum entre os países do bloco para reduzir a dependência do dólar.

Caminho aberto para o confronto

Apesar de manter a porta aberta para o diálogo, Lula deixou claro que o Brasil não aceitará imposições. “Quando eu tiver um assunto sério para tratar com os Estados Unidos, eu não terei nenhum problema de pegar o telefone e ligar para o presidente Trump. Mas presidente não liga para contar piada. Tem que ter motivo.”

“Defenda o Brasil”

Como reação à tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, o Partido dos Trabalhadores (PT) lançou oficialmente, nesta sexta-feira (11), a campanha “Defenda o Brasil”.

O objetivo da campanha é mobilizar a sociedade brasileira em defesa da soberania nacional e contra o que o partido classifica como “falsos patriotas” e “traidores da pátria”, referindo-se a aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Um dos motes centrais da campanha é: “Os traidores da pátria atuaram fingindo-se de patriotas.”

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Um pouco sobre nós

José Pereira

O editor e fundador do portal bruenque.com.br. Há duas décadas joga no time do jornalismo da Rádio Tribuna de Regeneração: produziu e editou milhares de matérias, reportagens e entrevistas ao longo de 23 anos atuando na área.

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