Bruenque.com.brCIDADESEm entrevista à Rádio Tribuna, feirantes de Regeneração afirmam que foram pegos de surpresa e explicam por que o modelo de barraca de 2 metros imposto pela Prefeitura é considerado inviável.

Em entrevista à Rádio Tribuna, feirantes de Regeneração afirmam que foram pegos de surpresa e explicam por que o modelo de barraca de 2 metros imposto pela Prefeitura é considerado inviável.

A terça-feira amanheceu tensa em Regeneração (PI). Feirantes e Prefeitura travam um embate sobre as regras do novo galpão municipal, construído para abrigar a tradicional feira livre da cidade. O ponto central da polêmica? A imposição de bancas padronizadas de apenas 2 metros, sem consulta prévia aos trabalhadores.

Durante entrevista à Rádio Tribuna, no programa Tribuna Informativa, os feirantes Samia Nonata dos Santos Silva, com 25 anos de experiência na feira, e Juniel da Cebola explicaram por que essa medida é considerada inviável.

Samia revelou que os feirantes foram pegos de surpresa:

“Em momento nenhum fomos consultados de que estavam fazendo bancas para nós, sendo que a gente já tem a estrutura da gente”, disse.

Segundo ela, a única interação com a fiscalização eram medições das barracas, sem qualquer explicação.

Samia detalhou por que a redução para 2 metros torna o trabalho praticamente impossível:

‘Não cabe tudo, dois metros de bancas para você colocar 30 produtos em cima, entre hortaliças, legumes, verduras, frutas e vegetais… Você acha que dois metros dão para colocar tudo isso? Não dá!”, protestou.

Feirantes de Regeneração reagem à imposição de bancas padronizadas e pedem diálogo”

A feirante explicou que sua estrutura atual tem 6 metros, espaço necessário para expor mercadorias de forma organizada e acessível ao cliente. A redução compromete não apenas a estética, mas a funcionalidade:

E essa não é a realidade só da Samia — vários outros feirantes também possuem bancas maiores do que a padronizada de 2 metros entregue pela Prefeitura.

“Não estão dando o direito de levar a banca da gente e ainda estão exigindo que a gente leve nossa mercadoria no final da feira para casa. Como vamos trabalhar assim?”

Outro ponto criticado é a orientação da Prefeitura para que produtos excedentes sejam colocados dentro de caixas no chão. A solução foi recebida com indignação:

“Colocar fruta, verduras e hortaliça para o cliente pegar no chão… alimento no chão não tem condição.”

Para Samia, a medida prejudica tanto feirantes quanto consumidores, inviabilizando uma exposição adequada e reduzindo as vendas. Ela reforça que não é contra o galpão, mas contra a falta de diálogo:

“Queremos ir para o galpão, sim. Mas com nossas barracas, nossas estruturas. O espaço lá comporta as bancas que já usamos. A Prefeitura não quer conversar.”

Espaço existe, diálogo não

Impasse na feira de Regeneração: por que bancas de 2 metros geram revolta entre feirantes

Samia e outros feirantes, como Juniel da Cebola, destacam um paradoxo: o novo galpão foi construído em um local que antes já abrigou todas as barracas tradicionais da feira. Inclusive, haviam  treiles , que  foram retirados durante a obra, ampliando a área disponível.

“Espaço tem. O que a gente não entende, não cabe na cabeça da gente, é que um galpão, que antes cabia todo mundo, e com os treiles do lado, nos cabia… e agora não cabe mais”, argumentou Samia.

Juniel reforçou a incoerência:

“Antes, quando tinha os treiles, cabia a gente. Agora, sem os treiles, o espaço ficou maior. Agora é que cabe mesmo… mas eles não querem que a gente leve a estrutura da gente.”

O radialista Tarcisio Silva, que mediou a entrevista, apontou a raiz do problema:

“O prefeito devia, antes de mandar fabricar as bancas, ter conversado com os feirantes… é algo que o prefeito não costuma fazer. Ele não conversa, não dialoga com nenhuma classe.”

Impacto econômico e social

Os feirantes organizaram um abaixo-assinado pedindo a revisão da regra, alegando que a limitação inviabiliza o trabalho, reduz a renda e prejudica a economia local. Samia alertou para os efeitos em cadeia:

“Eu peço que ouçam as demandas da população, porque quem vai ser prejudicado não vai ser só nós, feirantes. O caminhoneiro que traz nossa mercadoria, se a gente diminuir, ele perde frete; se o mototáxi deixa de levar a tiazinha que vem lá do bairro Bela Vista para fazer a feira dela, ele perde a viagem. As pessoas que vêm do interior de Regeneração — Jacaré, Pitombeira, Jardim do Mulato, Amarante — vêm fazer feira aqui. Pessoas de Amarante saem de Amarante e vêm fazer feira em Regeneração. Aí chega aqui e topa com a gente com dois metros de banca, uma cebola, um tomate e um pimentão. Aí vai perguntar: ‘Cadê a banana? Cadê o cheiro-verde? Cadê a abóbora? Cadê a melancia?’ O que é que a gente vai dizer? ‘Tá na caixa porque o prefeito Seu Dua disse que a gente não pode ter a banca da gente para trabalhar.’”

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Um pouco sobre nós

José Pereira

O editor e fundador do portal bruenque.com.br. Há duas décadas joga no time do jornalismo da Rádio Tribuna de Regeneração: produziu e editou milhares de matérias, reportagens e entrevistas ao longo de 23 anos atuando na área.

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