Nessa sexta, 13 de abril de 2023, a ex-presidente do Brasil Dilma Rousseff foi oficialmente empossada como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), comumente conhecido como “banco dos BRICS”, em uma cerimônia realizada em Xangai e com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Um banco nascido em Fortaleza para economias emergentes
O NDB foi concebido na cúpula do BRICS de 2014 em Fortaleza, Brasil, e entrou em operação em julho de 2015 com um capital inicial subscrito de US$ 50 bilhões, dividido igualmente entre seus cinco membros fundadores. Seu mandato é financiar projetos públicos ou privados de infraestrutura e desenvolvimento sustentável no BRICS e em outras economias emergentes e em desenvolvimento, tendo aprovado mais de US$ 32 bilhões em empréstimos para 96 projetos até o momento.
Mandato Rotativo do Brasil
Dilma foi eleita pela primeira vez pelo Conselho de Governadores do NDB em março de 2023 para substituir Marcos Troyjo e servir até 6 de julho de 2025, sob a regra do banco de liderança rotativa entre os países fundadores. Sua assunção formal do cargo agora completa esse mandato
Expansão do quadro associativo e cooperação Sul-Sul
Originalmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o NDB admitiu Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos e Uruguai em 2021 como parte de seu esforço para ampliar seu apoio às economias em desenvolvimento. Estão a ser consideradas novas expansões para promover uma cooperação financeira Sul-Sul mais ampla.
Compromissos inaugurais de Dilma
Em seu primeiro discurso como presidente do NDB, Dilma ressaltou o desafio de ampliar o financiamento para atender às necessidades econômicas, sociais e ambientais do BRICS e de outras nações emergentes.
“Assumir a presidência do NBD é, sem dúvida, uma grande oportunidade de fazer mais para os países do Brics, mas não somente para os seus membros, mas também para os países emergentes e em desenvolvimento”, disse a ex-presidente do Brasil.
Ela se comprometeu a alinhar os empréstimos do banco com as prioridades de desenvolvimento estabelecidas por seus governos membros, enquanto explora novos mecanismos – como financiamento em moeda local – para proteger os mutuários da volatilidade da taxa de câmbio
Importância diplomática e laços Brasil-China
A presença do presidente Lula destacou o papel central do Brasil no BRICS e sua estreita relação diplomática com a China. Ele está em sua terceira visita a Pequim desde 2023 e deve assinar mais de 20 acordos bilaterais durante esta viagem, abrangendo infraestrutura, energia, agronegócio e, incluindo um programa conjunto de satélite de monitoramento ambiental China-Brasil
Em discurso emocionado durante a cerimônia de posse de Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a importância da instituição para os países em desenvolvimento e criticou a dependência do dólar e das regras impostas por organismos financeiros tradicionais, como o FMI.
Lula lembrou que o Banco dos BRICS foi criado para oferecer alternativas de financiamento sem as condicionalidades rígidas de instituições como o Fundo Monetário Internacional.
– “Pela primeira vez, um banco de desenvolvimento global foi estabelecido sem a participação de países ricos em sua fase inicial. Livre das amarras que sufocam as economias dos mais pobres”, afirmou.
Ao celebrar a escolha de Dilma, Lula destacou sua trajetória de luta e resiliência.
“Dilma pertence a uma geração que pagou um preço alto pelo sonho de um mundo mais justo. Meio século depois, ela comanda um banco que pode reduzir desigualdades entre nações ricas e emergentes”, disse.
O retorno do Brasil ao cenário internacional
Lula reforçou que o Brasil está de volta à diplomacia global após anos de isolamento.
“Temos muito a contribuir, seja no combate à fome, na crise climática ou na redução das desigualdades. Não aceitaremos um mundo onde poucos acumulam riqueza enquanto milhões passam fome”, declarou.
A ex-presidente assume o cargo em um momento desafiador, com crises climáticas, conflitos geopolíticos e o aumento da dívida de países pobres. O banco já atraiu novos membros, como Egito, Emirados Árabes e Uruguai, e deve expandir seu papel no financiamento de infraestrutura, energias renováveis e programas sociais.