O Flamengo Regenerense derrotou o Brejo Grande nos pênaltis e foi campeão da 10ª edição da Copa do Morro. Essa conquista representou o primeiro título da história do clube. No entanto, não é possível contar essa história sem mencionar o nome do grande presidente da equipe, João da Cruz da Silva, mais conhecido como João Magrão, e um outro time, o extinto Mototáxi.
João Magrão e a era de ouro do Mototáxi
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João da Cruz da Silva, o João Magrão, fundou, no ano de 2005, o Mototáxi Futebol Clube. O projeto tinha como objetivo criar um clube de futebol para representar a Associação dos Mototaxistas de Regeneração. Conhecido por sua habilidade em montar equipes muito competitivas, João Magrão fez do Mototáxi uma potência do futebol local. O clube acumulou títulos, como a Copa da Mangabeira, a Copa do Teixeirão no Jaicó, o título da Copa do Buritizinho, e foi campeão do campeonato mais importante de Regeneração, o tradicional Campeonato do CSU.
Além de tudo isso, João Magrão levou o Mototáxi à grande final dos dois maiores campeonatos da região, os também tradicionais Campeonato da Barra da Muquila, em Amarante, e do Bom Princípio, em Tanque do Piauí.
O Mototáxi era respeitado como um dos principais times da cidade, e o futuro parecia promissor, com mais títulos à vista.
No entanto, inesperadamente, em 2016, um desentendimento interno acabou com o time. De maneira até inacreditável, o Mototáxi foi extinto, sumindo do futebol regenerense. Decepcionado e ainda magoado com o fim do Mototáxi, João Magrão decidiu fundar outro time no mesmo ano. Sem hesitar na escolha do nome, decidiu batizar o novo clube com o nome de seu time do coração e um dos mais gloriosos do futebol brasileiro: “Flamengo”.
João Magrão, ao lado de Nem Motos, empresário que foi o primeiro a abraçar e acreditar no projeto do novo time de João Magrão, e patrocinador Master do Flamengo desde o início do clube.
João Magrão e o Flamengo
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Fundado em 2016, o Flamengo Regenerense completou oito anos de história no esporte da cidade, mas, diferente do antigo clube de João Magrão, o Flamengo nunca havia conquistado nenhum título até a tarde deste sábado, 31 de agosto. Após o último pênalti e a conquista tão aguardada, João Magrão estava eufórico com a vitória na 10ª Copa do Morro. Ele havia esperado muito por esse dia.
– “Finalmente o título do Flamengo veio, o Flamengo foi campeão. Esse era um título muito esperado; nós lutamos muito, corremos muito, batemos muitas vezes na trave, mas hoje, finalmente, o Flamengo foi campeão. Nós conseguimos trazer um título para o Bairro Alto do Balanço, que merece”, disse João Magrão.
Conquista dedicada a Antônio Cardoso e Raimundo Helvídio
João Magrão aproveitou a ocasião para prestar um tributo a dois desportistas que fizeram muito pelo futebol do Bairro Alto do Balanço, os saudosos Antônio Cardoso e Raimundo Helvídio, e dedicou o título da Copa do Morro a eles.
– “Eu quero dedicar esse título a dois grandes homens, dois grandes desportistas que honraram e trabalharam muito pelo futebol do Bairro Alto do Balanço. Ambos já se foram, mas nunca os esqueceremos, nem o trabalho deles, e somos muito gratos por tudo o que fizeram pelo futebol do Alto do Balanço. Eu quero dedicar este troféu aos meus amigos Antônio Cardoso e Raimundo Helvídio, por tudo o que fizeram pelo futebol do nosso bairro. São pessoas que admiro até hoje e vou continuar admirando. Enquanto eu viver, darei continuidade ao trabalho e ao legado deles. Antônio Cardoso e Raimundo Helvídio dedicaram a vida ao esporte no Alto do Balanço, e enquanto o João Magrão for vivo, nunca vai faltar um time de futebol no Alto do Balanço. O futebol no Alto do Balanço nunca vai morrer, nunca vai faltar um time”, prometeu o presidente do Flamengo.
Bola rolando: Brejo 1 x 1 Flamengo
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Com a bola rolando, Flamengo e Brejo fizeram um jogo muito cauteloso, mas buscando a vitória. Quem saiu na frente foi o Flamengo. Aos 6 minutos, Renildo puxou o contra-ataque, viu Icássio Piauí entrando pelo lado esquerdo da grande área e tocou a bola. Icássio dominou, cortou os zagueiros e bateu com categoria no canto esquerdo do goleiro William, que apenas olhou a bola entrar – 1 x 0.
Entretanto, a alegria do Flamengo durou pouco. No lance seguinte, o meia Silvio dominou uma bola no meio-campo e resolveu arriscar de longa distância, mandando um chute violento e rasteiro. O goleiro do Flamengo ainda se esticou todo, mas não conseguiu evitar que a bola entrasse no canto esquerdo – era o empate do Brejo Grande.
Desde o início, ficou claro que o jogo seria decidido nos detalhes, em pequenos erros, mas ninguém cometeu falhas decisivas, resultando em um empate de 1 x 1 no tempo normal. O título da 10ª Copa do Morro seria decidido nos pênaltis.
Goleiro Jeferson: Herói do título
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Graças a duas defesas do goleiro Jeferson, o Flamengo garantiu o troféu de campeão da Copa de Futebol Soçaite do Morro. O arqueiro defendeu as cobranças de Evandro e do jovem Miguel do Brejo. No fim do jogo, todos os companheiros enalteceram o trabalho do goleiro nos tiros livres, tratando-o como um herói da conquista do primeiro título da história do Flamengo Regenerense.
– “Primeiramente, quero agradecer a Deus pela bela partida. Todos estão de parabéns, o Flamengo está de parabéns. Queríamos muito dar esse título ao presidente João Magrão; ele merecia. Hoje fui muito abençoado, graças a Deus, nas penalidades. Deus me abençoou, fui feliz e defendi duas cobranças de pênaltis que ajudaram o Flamengo a ser campeão”, disse Jeferson, o herói do título, ao portal Bruenque.
Icássio Piauí: artilheiro da Copa do Morro
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Além do troféu de campeão e de uma premiação de 6.600 reais, um jogador do Flamengo saiu muito consagrado: Icássio Piauí. Ele foi eleito o melhor jogador da final e, além disso, um dos maiores goleadores do futebol de Regeneração, terminando como o principal artilheiro da Copa do Morro, com 9 gols.
Em entrevista ao portal Bruenque, Icássio destacou que nenhuma conquista vem sem uma boa dose de sacrifício e muito suor. Tudo o que ele conquista é fruto de muita disciplina, dedicação e trabalho duro.
– “Deus me abençoou com o título de campeão e com o título de artilheiro da Copa do Morro, então só tenho gratidão a Deus. Mas tenho um recado para quem fica de fora, criticando: é preciso ver meu trabalho no dia a dia. Tudo que eu conquisto é fruto do meu trabalho, não é de graça. Quem não viu, pode ver meu trabalho no Instagram, no WhatsApp. Treino o tempo todo, por isso estou entre os melhores da região”, desabafou Icássio.
A profecia de Zé Ricardo
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O Flamengo não contava apenas com o goleiro Jeferson, que foi primordial na conquista. O time também tinha, na Copa do Morro, outro grande arqueiro, o famoso Zé Ricardo. Durante todo o campeonato, os dois se alternaram no gol: Zé foi titular em três jogos e Jeferson em quatro.
Entre a conquista do último título do presidente João Magrão, ainda com o Mototáxi, e o atual título, existe uma história curiosa, ou pode-se dizer, uma profecia envolvendo o goleiro Zé Ricardo.
Zé era o goleiro do extinto Mototáxi quando o time foi campeão do Campeonato do CSU. Pouco tempo depois, o Mototáxi acabou, e, como já contamos nesta reportagem, João Magrão fundou o Flamengo, que até hoje era um time sem conquistas.
A história é a seguinte: quando João Magrão deu vida ao Flamengo, Zé Ricardo foi até o presidente e fez uma profecia, dizendo a João Magrão que ele só voltaria a ser campeão no futebol regenerense no dia em que Zé voltasse a vestir a camisa do time dele. Dito e feito.
-“Depois que o Mototáxi foi campeão no CSU e o time acabou, fui até o João Magrão e disse: ‘João, você só vai voltar a ser campeão em Regeneração no dia em que eu vestir a camisa do Flamengo’, e foi o que aconteceu. Desde que saí do Mototáxi, nunca mais tinha jogado em um time do João Magrão, nunca tinha jogado no Flamengo. Foi por isso que vim, para quebrar esse tabu, para dar o primeiro título ao Flamengo. E aconteceu exatamente como tinha dito a João Magrão há sete, oito anos atrás: ele só voltou a ser campeão no dia em que voltei, no dia em que vesti a camisa do Flamengo”, revelou Zé Ricardo.
João da Cruz da Silva confirmou que a história é realmente verdadeira. Foram oito anos de jejum. Ele só voltou a ganhar um troféu no futebol regenerense quando trouxe Zé Ricardo de volta.
Raimundo do Morro : 10 anos de história
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Em 2024, a Copa do Morro, o maior campeonato para sete jogadores do Médio Parnaíba, completou dez anos. A décima edição já foi histórica: ao todo, 24 times de várias cidades do Piauí, inclusive de Teresina, se inscreveram na competição. Raimundo do Morro, o organizador do campeonato, também pagou uma premiação recorde, foram mais de 10 mil reais distribuídos.
– “Concluímos mais uma edição da Copa do Morro, foi a décima edição. Eu só tenho a agradecer a Deus, Ele anda comigo e nunca me deixa desistir. Todo ano eu quero melhorar alguma coisa, não dá para melhorar tudo por causa das dificuldades, mas a gente vai vir mais forte no próximo ano. Este ano a premiação foi de 10 mil e cem reais: cem reais para o melhor jogador na final, o Evandro; 300 reais para o artilheiro do campeonato, o Icássio; 300 reais para o melhor goleiro do campeonato, William do Brejo; 3 mil reais para o vice-campeão, o Brejo; e 6.600 reais para o campeão, que foi o Flamengo. Eu considero que já foi uma premiação muito boa, mas no próximo ano eu quero aumentar ainda mais a premiação, uma premiação que deixe todo mundo mais satisfeito. Eu faço a Copa do Morro porque eu gosto, eu amo o futebol. Eu não ganho nada, não tenho uma banquinha de cerveja, eu só agradeço à turma que vem vender,” falou Raimundo do Morro.
Imagens da grande final da 10ª Copa do Morro.