Um misto de alívio e emoção tomou conta da comunidade rural Jenipapo, no município de Regeneração, na última quinta-feira (27). O Governo do Estado, por meio do Instituto de Terras do Piauí (Interpi), entregou 80 títulos definitivos de propriedade, encerrando décadas de espera e incerteza sobre a posse das terras.
A ação marca um avanço na política estadual de regularização fundiária e reforça o compromisso do governo com a democratização do acesso à terra.
Quarenta anos de espera
Segundo moradores, a última entrega oficial de títulos na comunidade ocorreu em 1982. Desde então, gerações trabalharam sem segurança jurídica. Para Cleonice Alves, 52 anos, agricultora e mãe de dois filhos, o documento é mais que um papel: é a concretização de uma luta histórica.
“A gente sempre trabalhou nessa terra, mas não tinha o papel. Hoje eu fico em paz. Sei que meus filhos vão continuar aqui, sem medo de perder o que a gente construiu”, disse, emocionada.
A diretora da Associação de Moradores de Jenipapo, Rosa, destacou o caráter simbólico da ação:
“A última entrega de títulos aqui foi em 1982. Já tem mais de quarenta anos. Hoje é um dia muito importante, e esperamos que outras comunidades também sejam atendidas”.
Mais do que um documento: uma chave para o futuro
Com o título definitivo, as famílias passam a ter acesso a crédito rural, programas produtivos e políticas públicas que incentivam a agricultura familiar. A terra, antes usufruída sob insegurança, torna-se patrimônio. Essa conquista abre portas para desenvolvimento econômico e social.
Histórias semelhantes se repetem em outras regiões. No mesmo dia, na comunidade Várzea Grande, em Cristino Castro, 106 títulos foram entregues, beneficiando cerca de 300 pessoas. Lá, Dona Santana de Oliveira, 74 anos, mãe de dez filhos, resumiu a emoção:
“Esperei a vida inteira por esse papel. Essa terra sempre foi minha casa, onde criei meus filhos e trabalhei duro. Agora tenho certeza no papel de que ela é nossa mesmo. É um dia que nunca vou esquecer”.
Avanços e reparação histórica
A política também contempla comunidades tradicionais. Em outubro, o governador Rafael Fonteles entregou cinco títulos coletivos a quilombolas, elevando para 50 o total emitido pelo estado – 35 apenas em sua gestão. Antônia Marinho, da comunidade Palheta, celebrou:
“É nosso, ninguém pode tirar”.
No assentamento Macambira, em Batalha, uma das maiores da América Latina, 911 famílias receberam a titularidade, totalizando 1.500 títulos entregues.
Rodrigo Cavalcante
O diretor-geral do Interpi, Rodrigo Cavalcante, tem sido o rosto dessa mudança. Na visita a Jenipapo, ele enfatizou o significado e o impacto social profundo da regularização.
“Estamos falando de famílias que esperaram décadas por este momento. Regularizar território é garantir dignidade, estabilidade e futuro. O Governo do Estado está atuando de forma planejada, contínua e com responsabilidade técnica para transformar essa realidade. Jenipapo é parte de um movimento maior, que está chegando a todas as regiões do Piauí”.
As palavras do diretor se concretizam em números. Apenas nos primeiros seis meses de 2025, o Interpi já havia entregado mais de 2 mil títulos e regularizado mais de 100 mil hectares de terras. O processo é técnico e minucioso, envolvendo vistoria, georreferenciamento e todo um rigoroso respaldo jurídico para garantir que o direito das famílias seja, de fato, inquestionável.
“Regularizar território é garantir dignidade, estabilidade e futuro”, destacou Rodrigo Cavalcante, diretor-geral do Interpi.
Enquanto famílias como a de Cleonice e Dona Santana olham para o futuro sem medo do despejo, o Piauí consolida, título após título, um novo caminho de desenvolvimento. Justiça fundiária e respeito a quem produz são pilares para um estado mais próspero e igualitário. A regeneração do campo piauiense começa com o nome na escritura.
Rodrigo Cavalcante resume:
“Cada título entregue representa dignidade, cidadania e futuro. Estamos avançando com planejamento e responsabilidade técnica para garantir que as famílias rurais tenham segurança jurídica e possam construir uma vida com mais estabilidade”.
