Com o fracasso nas negociações de um cessar fogo em Gaza, o presidente dos Estados Unidos subiu o tom contra o governo de Israel. Pela primeira vez desde o início do massacre em Gaza, os Estados Unidos decidiram suspender o envio de bombas para Israel.
Em um aviso sem precedentes de Washington, Joe Biden disse que vai interromper o envio de armamentos a Israel, caso o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, ordene a invasão de Rafah, cidade que fica na região da fronteira com o Egito, e abriga mais de um milhão de civis palestinos.
O ultimato dado pelo presidente americano foi dado durante uma entrevista concedida a ao canal de Televisão CNN, na manhã de quinta-feira 09, de maio.
– Deixei claro que se eles [Israel] forem para Rafah – eles ainda não foram para Rafah – não fornecerei as armas que têm sido usadas para lidar com Rafah, para lidar com as cidades – [armas] que lidam com esse problema”, disse Biden ao canal de TV.
Três mil kg de bombas já tiveram envio pausado pelos USA, ao exército Israelense. Na entrevista, Joe Biden admitiu pela primeira vez que armas americanas, que são enviadas para Israel, estão sendo usadas para matar civis dentro da faixa de Gaza.
– “Civis foram mortos em Gaza como consequência dessas bombas e de outras formas como atacam os centros populacionais”, pontuou Biden a Erin Burnett, apresentador da CNN.
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No entanto, apesar da suspensão das armas, Biden deixou claro que continua comprometido com a defesa israelense. Por exemplo, o Domo de Ferro, que é usado para derrubar eventuais drones ou foguetes contra o território israelense, vai continuar recebendo armamento dos Estados Unidos.
– “Não estamos nos afastando da segurança de Israel. Estamos nos afastando da capacidade de Israel de travar guerra nessas áreas(…), continuaremos garantindo que Israel esteja seguro em relação ao Domo de Ferro e da sua capacidade de responder aos ataques que surgiram recentemente no Oriente Médio”, disse ele, e prosseguiu, é simplesmente errado. Não vamos fornecer as armas e os projéteis de artilharia [para Israel no caso da invasão]”, disse ele.
Possível ruptura e reações do governo Israelense
O anúncio de que os americanos vão deixar de fornecer a Israel projetis de artilharia e outras armas, se uma grande ofensiva for lançada contra a cidade Palestina de Rafah, gerou reações imediatas de Tel Aviv. O primeiro-ministro israelense disse que, se for necessário, seu país lutará sozinho.
– “Se for preciso, usaremos as unhas, mas temos muito mais que isso, afirmou Benjamin Netanyahu, e prosseguiu, “Para a guerra de Independência a 76 anos, éramos poucos. Contra muitos não tínhamos armas. Havia um embargo de armas a Israel, mas com o nosso grande espírito, heroísmo e unidade, vencemos”. Destacou Netanyahu.
Netanyahu defende a invasão de Rafah, alegando que a cidade é o último reduto do Hamas.
Desde o início da guerra entre Israel e Hamas, mais de um milhão de palestinos foram empurrados para o Norte da Faixa de Gaza, na fronteira com o Egito, território onde está localizada a cidade de Rafah. Basicamente falta tudo para os refugiados: água, alimentos, medicamentos nos hospitais e combustível para manter os geradores funcionando.
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Bombardeios já mataram quase 35 mil palestinos. A Casa Branca teme que uma ação militar israelense de maior intensidade na região vá causar uma matança ainda maior de pessoas nessa área, e por isso é categoricamente contra a invasão .
Apesar da ameaça do governo dos Estados Unidos de suspender o fornecimento de algumas armas em caso de ataque contra a cidade de Rafah, o exército de Israel prosseguiu nesta quinta-feira com os ataques contra a Faixa de Gaza.
Enquanto isso, filas de caminhões com ajuda humanitária se formam no Egito, sem poder cruzar a fronteira, ampliando o drama dos refugiados.
Biden luta contra avaliação negativa da economia e enfrenta protestos nos USA
Essa foi a primeira vez em 7 meses que Biden deixa claro a insatisfação com os ataques a Gaza e expos publicamente condições para seguir com o apoio militar a Israel, e há uma razão para isso. Há menos de seis meses das eleições, o candidato vem sendo pressionado politicamente nos Estados Unidos pelos eleitores, que clamam pelo fim da guerra.