Regeneração (PI) — Um incidente ocorrido durante os festejos municipais de Regeneração, a aproximadamente 145 km de Teresina, reacendeu o debate sobre a segurança de brinquedos em parques de diversões itinerantes. Na noite de sábado, 7 de janeiro, uma menina de 11 anos foi arremessada de um brinquedo após uma súbita aceleração da estrutura, resultando em uma queda de cerca de dois metros. O episódio foi registrado em vídeo por familiares e gerou ampla repercussão local.
De acordo com relatos de um parente da vítima, a criança já havia utilizado o brinquedo anteriormente, mas no momento do acidente, a velocidade aumentou de forma inesperada, fazendo com que ela escorregasse por baixo da barra de proteção. “Ela não conseguiu se segurar e foi lançada. Foi tudo muito rápido”, afirmou o familiar, que preferiu não se identificar.
A menina foi inicialmente socorrida por funcionários do parque, que a transportaram em um veículo particular até o hospital, antes da chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). A conduta foi criticada por especialistas e familiares, que apontaram a ausência de protocolos adequados de primeiros socorros.
– “O procedimento, que eu sei, é estabilizar a criança e aguardar o SAMU. Nesse deslocamento ela poderia ter tido uma lesão séria na coluna. O parque foi imprudente de tirar a criança da forma como foi. Aqui tem SAMU. A intenção deles é não expor, eles sabem que isso vai repercutir no parque. Ali ele já acaba as atividades e a preocupação foi tirar a criança para não expor o parque”, alertou o parente ao portal Meio Norte.
No hospital, a vítima apresentou vômito com sangue e um hematoma na cabeça, sendo posteriormente transferida para Teresina, onde passou por exames neurológicos e de imagem mais complexos. A família informou que registrará boletim de ocorrência e solicitará a interdição do parque.
Acidentes repetidos: um cenário de risco
O caso de Regeneração não é isolado. Diversos episódios semelhantes foram registrados nos últimos anos em diferentes regiões do país, evidenciando falhas recorrentes na manutenção e operação de brinquedos em parques de diversões.
Em junho de 2022, no município de Alegre (ES), duas meninas foram arremessadas de um brinquedo após a quebra de uma peça estrutural. Uma delas, Laura Serafim, de 9 anos, sofreu traumatismo craniano e foi transferida de helicóptero para Vitória. A mãe da criança, visivelmente abalada, relatou: “O brinquedo soltou a parte de cima. Foi arremessado ela com a coleguinha dela. Eu vi tudo. É até difícil falar”.
Em São Paulo, em julho de 2022, Murillo Santos, de 10 anos, faleceu após ser atingido por um brinquedo que voltou a funcionar com crianças ainda próximas. O parque, localizado na Zona Sul da capital, não havia isolado adequadamente o equipamento após uma falha anterior.
Outros casos incluem o acidente com um menino de três anos em Goiânia, em 2014, que foi lançado de um brinquedo conhecido como Tagadisco, e o falecimento de uma adolescente de 14 anos em Vinhedo (SP), após cair de um brinquedo de queda livre com mais de 60 metros de altura. Em ambos os casos, falhas na estrutura de segurança foram apontadas como causas prováveis.
Responsabilidade e fiscalização
Embora os parques aleguem possuir documentação regular, como alvarás e laudos técnicos, a fiscalização dos equipamentos é frequentemente insuficiente. O Corpo de Bombeiros, por exemplo, esclareceu que sua atuação se limita à prevenção contra incêndios, não abrangendo a inspeção mecânica dos brinquedos.
Em Regeneração, a prefeitura declarou que a responsabilidade pelos brinquedos é exclusivamente do parque de diversões. Um servidor municipal informou que o prefeito orientou a equipe a prestar assistência à família da vítima. “Fomos informados que, apesar de se tratar de escoriações leves, a criança foi levada para Teresina para exames mais aprofundados”, afirmou.