Segunda maior liga de futsal do Médio Parnaíba, a Liga das Estrelas de Futsal de Regeneração caminhava para sua 6ª edição. O que era apenas um sonho no ano de 2017, se transformou em realidade, se tornou um torneio de futsal gigantesco, que ao longo de cinco anos cresceu e consolidou um nome e uma marca para a cidade.
Em cinco anos, a Liga das Estrelas projetou o futsal de Regeneração para além dos limites da Terra de Bruenque: deu vida a uma modalidade que estava abandonada há oito anos atrás; trouxe para o município os melhores jogadores do Piauí e até mesmo craques a nível de Nordeste. Contribuiu com a magia, malabarismo e toda a beleza do futsal, fazendo a alegria de muitos torcedores.
Além de tudo isso, a Liga também movimentou a economia de Regeneração. Nos 2 meses em que a competição é disputada, atrai clubes e torcedores não só de dentro, mas também de fora do município, oportunidade que muitos empreendedores aproveitam para fazer uma renda extra, comercializando produtos dentro do Ginásio Gonçalo Teixeira Nunes.
Foi dessa forma, com um misto de sentimentos de perplexidade, choque, tristeza e revolta, que milhares de apaixonados pelo futebol de salão receberam a notícia que a edição de 2024 havia sido “cancelada”.
Nota da 6ª Liga das Estrelas de Futsal de Regeneração
De acordo com o idealizador da Liga das Estrelas de Futsal, professor Elton, boicote e perseguições políticas eram os motivos que estavam por trás do fim do campeonato.
– A Liga das Estrelas de Futsal vem a público manifestar seu profundo repúdio pela não realização da VI LIGA, evento que acontece desde 2017 em Regeneração, mas que durante esses quatro anos a organização vem sofrendo ataques e perseguições por parte da SEMELT. Um exemplo é ceder o espaço para a realização de outros eventos nos dias de jogos, o que impossibilita a realização das partidas, diz um trecho da nota.
Matar um Leão por jogo
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Criada em 2017, pelo professor e desportista Helton Ferreira Cruz, desde a primeira edição, a Liga das Estrelas de Futsal é bancada com o dinheiro arrecadado na bilheteria. Ou seja, todas as despesas das pessoas que trabalham durante o jogo: juízes, mesários, gandulas, uma pessoa para enxugar a quadra no momento das partidas, vendedores de ingressos, porteiros, além de outros custos envolvidos. Tudo é pago com o dinheiro arrecadado na bilheteria. Se o jogo for bom e o torcedor lotar o Ginásio Gonçalo Teixeira Nunes, o Leão foi abatido; caso contrário, se o jogo não for atrativo e o público não comparecer, os organizadores ficam com uma batata quente nas mãos e têm de tirar dinheiro do próprio bolso para pagar todas as despesas. Foi dessa forma que foram realizadas as cinco edições da Liga das Estrelas.
Decreto Nº 67 do prefeito Seu Dua
Um decreto assinado pelo prefeito de Regeneração, Eduardo Alves Carvalho, o Seu Dua, tornou as coisas muito difíceis, para não dizer praticamente impossível, para qualquer desportista tomar a iniciativa de promover o futebol ou o futsal em Regeneração, usando os espaços públicos da prefeitura.
Pelo decreto, se durante uma partida de futebol houver cobrança de entrada dos torcedores na portaria, 70% de tudo que for arrecadado deve ser destinado aos clubes e instituições sociais. O despacho do prefeito foi um duro golpe na Liga das Estrelas de Futsal de Regeneração.
– Temos que reconhecer que o decreto é muito nobre e é sim. Busca destinar recursos para instituições e pessoas que precisam, busca recursos para o futebol. Eu sei que os times também têm gastos, mas no fundo, no fundo, o decreto escondia uma outra intenção: o decreto tinha como objetivo atingir o professor Elton, acabar com a Liga das Estrelas de Futsal de Regeneração. Eu sou o único desportista que promove esse tipo de evento em Regeneração, em um ginásio esportivo do município. O decreto foi um duro golpe no meu campeonato. Num jogo do Mil Grau, num jogo do BFC, o ginásio lota, vem muita gente, mas tem jogo que não vem ninguém. Se eu for obrigado a tirar 70% do que o campeonato faz na porta, com apenas 30% do que sobra da renda, vai ter jogo da Liga que não vai dar para pagar nem os gandulas que eu boto para trabalhar. Fica tudo inviável, esclareceu.
Nesse sentido, o Pollus Futsal Clube, vice-campeão da Liga das Estrelas do ano passado, saiu em defesa do campeonato, afirmando que o que acontece em Regeneração não tem paralelo com nenhum outro torneio de futsal na região, fazendo críticas ao decreto que tornou inviável a realização da Liga.
– “A SEMELT só aceitaria a Liga das Estrelas ser realizada se 50% da renda fosse dividida entre os times e 20% repassado para o conselho. Ficaria impossível a liga cobrir todos os custos de uma partida com apenas 30% de bilheteria. Campeonato nenhum na região divide renda entre as equipes, toda a renda da bilheteria serve para arcar com as despesas de uma partida. Se alguma equipe já recebeu metade da renda em um jogo de campeonato, podem se manifestar. Só a SEMELT mesmo para ter uma ideia dessas”, nota do Polluz Futsal sobre a polêmica divisão de renda na Liga das Estrelas.
O outro lado
Em uma nota divulgada na manhã de quinta-feira, 23 de maio, a Secretaria de Esportes de Regeneração (SEMELT) negou qualquer tentativa de boicote à Liga das Estrelas de Futsal de Regeneração. No comunicado, a prefeitura esclarece que o fim da competição foi uma decisão pessoal do organizador, que reluta, ou seja, se recusa a se submeter ao decreto do prefeito.
Confira a íntegra da nota esclarecimento da Prefeitura de Regeneração e da Secretaria de Esportes.
– “A SEMELT vem ao público esclarecer as inverdades divulgadas pela organização do evento particular “Liga das Estrelas”. Em nenhum momento, foi barrada a realização do evento. Todo campeonato particular segue um padrão: quando se cobra ingresso na portaria, 20% do valor é destinado ao CMDCA, 50% para os times que estão jogando e o restante do valor fica com o organizador do evento. Quando o evento tiver cunho social, ocorrerá em parceria com a Secretaria Municipal do Trabalho e Assistência Social, com arrecadação de alimentos para os usuários atendidos pela SEMTAS. O organizador não aceitou essas condições e decidiu cancelar seu evento em reunião com os donos das equipes e SEMELT. Reforçamos que todos os organizadores de campeonatos seguem essa norma. Apenas o organizador da “Liga das Estrelas” não aceitou o decreto”,
Para a 6ª edição da Liga das Estrelas, equipes de várias outras cidades já haviam manifestado interesse em participar.
Desde o anúncio do fim do campeonato, a repercussão foi muito grande dentro e fora de Regeneração.
Times, jogadores e torcedores lamentaram muito o fim da Liga das Estrelas de Futsal de Regeneração.
Confira algumas das manifestações de equipes que participaram da última edição, no ano de 2023.
Hilmarcio: o torcedor pé quente ou pé frio da Liga das Estrelas?
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Um torcedor ganhou fama e se tornou uma figura carimbada na Liga das Estrelas de Futsal de Regeneração. Estamos falando de Hilmarcio.
Hilmarcio ficou famoso por carregar uma superstição. Dizem que ele dá muito azar quando vai para trás da trave de um time que está jogando. Reza a lenda que o clube já entra em quadra com 90% de chance de derrota se ele estiver atrás do gol. Porém, o contrário também é verdadeiro: ele também traz sorte para o time que está do outro lado”.
Em fala ao Portal Bruenque, o torcedor mais carismático da Liga das Estrelas de Futsal de Regeneração expressou sua tristeza com o fim do campeonato.
– “É com profunda tristeza que recebo a notícia sobre o fim da liga. A Liga das Estrelas, que na verdade não é do professor Elton, e sim da nossa Regeneração, só quem tem a perder é nossa cidade, pois a liga já é um símbolo esportivo e cultural de nossa cidade ao longo dos tempos. Vem gerando lazer, diversão e emprego para muitas famílias. Nós, como torcedores, queremos e reivindicamos que todos que fazem parte desse ato revejam a decisão e trabalhem juntos para que não acabem com esse evento patrimonial que é de Regeneração”.
Andrei: presidente do time Torres de Arraial
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– “Lamentável! A Liga das Estrelas, durante esses últimos 6 anos, foi um evento que fomentava a economia da cidade e o esporte de Regeneração! Uma competição intermunicipal que reunia atletas de alto nível, a nível estadual e nacional, para a cidade de Regeneração! Com certeza será uma grande perda para o esporte/lazer da cidade!”
Seleção de Angical do Piauí
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– “É complicado essa situação, é um campeonato que já é tradição na cidade, um campeonato que gera renda na cidade. Os times que vêm de fora, os jogadores que vêm de fora; ano passado tinha jogador de Pernambuco. Para cancelar assim (…) Este ano Angical ia levar a base, os meninos do Sub 20, que era para treinar os meninos, botando os meninos para pegar firmeza nos pés,” disse Levir Araújo, supervisor de esportes da cidade de Angical.
Super 11 Futsal
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– “É uma pena não ter a liga este ano. Sem dúvida é o maior campeonato de futsal da nossa cidade. A liga estava ficando cada vez mais disputada, com equipes de outras cidades participando. Enfim, é uma pena o que fizeram com o maior campeonato da cidade.”