A Suzano S.A tentou deslocar para São Paulo a competência da ação que a Real Regeneração lhe move por danos causados em função da não instalação da fábrica de papel e celulose no Piauí. A audiência de conciliação, realizada, na 3ª Vara Cível de Teresina, durou somente o tempo para o representante da empresa tentar adiar o andamento do processo.
A Suzano S.A é acusada de quebra de promessa de instalação da mega fábrica no Piauí, por envolver o governo do Estado e produtores da região do médio e alto Parnaíba. Os produtores foram prejudicados por cumprirem contratos firmados com a empresa para produção de matéria prima.
A Suzano trabalharia no Piauí na fabricação industrial terceirizando a produção de madeira, de preferência o eucalipto, sem ter feito qualquer ressarcimento aos prejuízos causados pelos investimentos realizados pelos produtores para atendê-la.
Inesperadamente, a Suzano desistiu da fábrica encerrando todas as suas atividades no Piauí, depois, de se dar conta de que as mudas trazidas para o Estado, geneticamente modificadas (clones) não atendiam ao seu controle de qualidade.
Alguns produtores, dirigentes da própria Suzano chegaram a alegar que havia compromisso político com a gestão estadual da época (de Wellington Dias) para instalação da fábrica, mas que, eles próprios chegavam a desdenhar do Estado, afirmando que a fábrica se situaria num local que liga o nada a lugar nenhum.
A Real Regeneração é a empresa que mais plantou eucalipto no Piauí conforme acordado com a Suzano, mais de 6 mil hectares, que não terminou sendo aproveitado pela empresa.
Na audiência, os representantes da Real Regeneração defenderam uma reparação financeira pelos danos que alegam ter sofrido em função da quebra de acordo com a Suzano.
Mas, espertamente, os advogados da empresa de papel e celulose chegaram a pretender deslocar a competência do feito para a justiça de São Paulo, com o fim de procrastinar o andamento do processo.
“Nesse engodo, os advogados que defendem os interesses do Piauí, não caíram. Permanece a crença e a fé absolutas na Justiça de Teresina”, disse Tiago Junqueira, representante da Real Regeneração.
Entenda o caso
Em setembro de 2010, a Suzano Papel e Celulose anunciou a instalação de uma planta industrial no Piauí, que seria inaugurada em 2016, absorvendo a madeira de florestas de eucalipto plantadas no Piauí.
Pressionada por problemas financeiros internos, em março de 2013, a empresa informou que não mais faria a fábrica no Piauí, mantendo somente um investimento semelhante no Maranhão.
A empresa criou a expectativa de aquisição futura da madeira de reflorestamento, produtores investiram dezenas de milhões de reais, a unidade de produção deixou de existir e a aquisição da matéria-prima evaporou na mesma medida na inexistência de uma unidade de processamento.
O resultado disso é que agora os produtores se queixam de perdas na ordem de R$ 100 milhões e querem obter na Justiça o ressarcimento pelos danos financeiros.
A companhia que somente em cultivo de floresta tem 730 mil hectares, parte deles no Piauí, algo superior a 30 mil hectares. Porém, a maior parte das árvores de eucaliptos seria cultivada por parceiros fornecedores dessa madeira para a produção de celulose e foi aí que se deram mal produtores piauienses.
Em julho, diante de um crescimento das queixas e de questionamentos judiciais, a Suzano divulgou nota na qual afirma que tem cumprido os acordos e está aberta ao diálogo.
No entanto, em 2010, 70 produtores tinham plantado milhões de mudas em dezenas de milhares de hectares de florestas. Esse pessoal ficou no meio do caminho, abandonado pela Suzano e pelo governo estadual, que mantém um silêncio.
Portal AZ
