Após mais de uma década de eleições decididas por chapa única, a Câmara Municipal de Regeneração viverá nesta sexta-feira (24), um momento histórico: pela primeira vez em 12 anos, haverá uma disputa real pela presidência da Casa Legislativa. E o protagonismo é feminino. Duas vereadoras, Izinha Absolon e Jaqueline do Sindicato, lideram as chapas concorrentes e disputam o comando da Câmara em uma eleição marcada por intensas articulações políticas e reviravoltas nos bastidores.
Desde 2013, todas as sete eleições foram vencidas por chapa única, com a oposição incapaz de formar uma composição completa para disputar a Mesa Diretora. O regimento interno da Casa exige que os candidatos formem chapas completas — com presidente, dois vice-presidentes e dois secretários — para poderem concorrer. Nas últimas seis eleições, apenas um candidato conseguiu cumprir esse requisito.
Histórico das eleições anteriores:
2013: Ida do Jabiraca (chapa única)
2015: Henrique Teixeira (chapa única)
2017–2020: Jaqueline do Sindicato (chapa única)
2021–2025: Ciríaco Araújo (três mandatos consecutivos com chapa única)
Novo equilíbrio de forças
A atual eleição, com a formação de duas chapas completas, só se tornou possível após uma ruptura significativa na base governista: o vereador Ciríaco Araújo, aliado histórico do prefeito Seu Dua, rompeu com o grupo e declarou apoio à candidatura de Jaqueline, fortalecendo a oposição. Ciríaco afirmou publicamente ter se sentido abandonado pelo prefeito e por aliados durante a crise que culminou na anulação de sua reeleição.
Composição das chapas
Chapa da situação
Presidente: Izinha Absolon
Vice-presidente: Samuel da Real
Adalbertino Cunha, Odeilton Costa e Felipe Helal completam o restante do colegiado.
Chapa da oposição
Presidente: Jaqueline do Sindicato
Vice-presidente: Clesyo da Biluca
Daniel Moreira, Jailton do Cruz e Ciríaco Araújo completam a composição.
A matemática do plenário
Com 11 cadeiras na Câmara, cada chapa conta com cinco votos garantidos — os próprios integrantes. O voto decisivo será da vereadora Francisca do Pedro Gato, que ainda não declarou apoio público a nenhuma das candidatas. Sua escolha deverá definir o resultado da eleição.
Intervenção do MP e do STF
A eleição ocorre após meses de impasse jurídico e político. Em janeiro, Ciríaco Araújo foi reconduzido pela terceira vez consecutiva à presidência da Câmara, o que gerou reação do Ministério Público do Piauí, que ajuizou uma Reclamação Constitucional no Supremo Tribunal Federal (STF), alegando que a reeleição sucessiva violava o princípio republicano e o regimento interno da Casa.
Em outubro, o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), considerou inconstitucional a terceira eleição consecutiva de Ciríaco, ocorrida em 1º de janeiro de 2025. Anulou a eleição e determinou a convocação de um novo pleito, com a recomendação explícita de que Ciríaco não poderia concorrer novamente ao cargo de presidente.
Representatividade feminina em destaque
Independentemente do resultado, a eleição já representa uma vitória simbólica na política local. Pela primeira vez, duas mulheres disputam a presidência da Câmara, e o voto decisivo também está nas mãos de uma mulher. Em um cenário historicamente dominado por homens, a presença feminina no centro da decisão marca um grande avanço na representatividade política em Regeneração.
A sessão que definirá o novo comando da Câmara está marcada para esta sexta-feira (24), às 19h, no plenário José Agapito Brandão. A cidade acompanha com atenção.
A disputa entre Izinha Absolon e Jaqueline do Sindicato está agitando os bastidores da política local e acirrando os ânimos entre aliados e opositores. O desfecho da eleição promete não apenas definir a nova presidência da Câmara, mas também pode reconfigurar as forças e os rumos na política municipal.



