O mundo católico está de luto. Nesta segunda-feira (21), o Vaticano anunciou a morte do papa Francisco, aos 88 anos, encerrando um dos pontificados mais transformadores da história moderna da Igreja. O argentino Jorge Mario Bergoglio faleceu às 7h35 (horário de Roma) na Casa Santa Marta, sua residência no Vaticano, após meses de batalha contra uma pneumonia bilateral que o debilitou progressivamente. Sua última aparição pública foi no Domingo de Páscoa (20), quando, visivelmente frágil, abençoou fiéis na Praça São Pedro e pediu paz em meio a conflitos globais.
O anúncio da morte e reações globais
O cardeal Kevin Farrell, camerlengo do Vaticano, comunicou: “O Bispo de Roma retornou à casa do Pai. Toda sua vida foi dedicada ao serviço dos pobres e marginalizados”. A notícia ecoou rapidamente: o presidente Lula decretou 7 dias de luto nacional no Brasil, classificando Francisco como “uma voz contra as desigualdades”; o Real Madrid e o Barcelona publicaram mensagens de condolências; e a Itália suspendeu partidas de futebol em respeito.
Uma vida de rupturas e simplicidade
Nascido em Buenos Aires em 1936, filho de imigrantes italianos, Bergoglio foi o primeiro papa jesuíta e latino-americano. Sua escolha do nome “Francisco” — inspirado em São Francisco de Assis — simbolizou desde o início seu compromisso com os pobres. Abandonou os luxos do Palácio Apostólico para viver em um apartamento modesto e lavou os pés de detentos em gestos que chocaram e comoveram.
Seus principais marcos:
– Ecumenismo: Aproximou-se de líderes muçulmanos e ortodoxos, visitando países como o Iraque em 2021.
– Progressismo moderado: Permitiu a bênção a casais homoafetivos (embora sem equipará-los ao matrimônio) e criticou o “capitalismo selvagem”.
– Meio ambiente: A encíclica Laudato Si’ (2015) tornou-se referência global na defesa ecológica.
Batalha final pela vida
Francisco enfrentou problemas respiratórios crônicos desde jovem, quando perdeu parte de um pulmão. Em fevereiro de 2025, foi internado por 40 dias no Hospital Gemelli com pneumonia bilateral e infecção polimicrobiana. Mesmo após a alta, seu estado era “reservado”, segundo médicos. No domingo (20), ainda assim, insistiu em aparecer para a bênção pascal, demonstrando sua resistência até o fim.
O legado controverso
Francisco não escapou de críticas. Conservadores o acusaram de “enfraquecer a doutrina católica”, enquanto vítimas de abusos na Igreja cobraram ações mais duras. Na Argentina, sua atuação durante a ditadura militar (1976–1983) permanece sob debate — embora ele sempre negasse colaboração.
Frases que definiram seu papado:
– “Quem sou eu para julgar?” (sobre homossexuais, 2013).
– “Esta economia mata” (discurso contra a desigualdade, 2014).
– “A Terra parece transformada em um imenso depósito de lixo” (Laudato Si’).
Conclave e o futuro da Igreja
Com a morte de Francisco, inicia-se o período de “sede vacante”. O funeral ocorrerá em 4 a 6 dias, provavelmente na Basílica de Santa Maria Maior, conforme seu desejo. O conclave — reunindo 120 cardeais — deve eleger um novo papa até meados de maio. Nomes como o conservador cardeal Péter Erdő (Hungria) e o moderado Dom Claudio Hummes (Brasil) surgem como possíveis sucessores.
Última mensagem:
No áudio gravado durante sua internação, Francisco agradeceu as orações e disse: “A Igreja deve ser um hospital de campanha, não um tribunal”. Uma síntese perfeita de seu legado.