Nas estatísticas oficiais, entre 2012 e 2022. 609.697 pessoas morreram de forma violenta no Brasil.
Atlas da Violência no Brasil.
Um estudo que acaba de ser divulgado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e Fórum Brasileiro de Segurança Pública, nesta terça-feira, dia 18 de junho): o “Atlas da Violência” no Brasil: trouxe um cenário preocupante, os dados mostram que o Piauí foi o Estado da Federação que teve os maiores aumentos de homicídios do país em uma década, para cada 100 mil habitantes (47,9%).
Na série histórica de 11 anos. Quando teve início a coleta de dados, 2012, o Piauí registrava cerca de 16 mortes para um grupo de cem mil habitantes, já em 2022, esses números tiveram um salto de 24 assassinatos para o mesmo grupo de 100 mil.
Aumento exponencial
Os números do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam um crescimento de quase 50% no aumento no número de homicídios no estado em uma década, passando de 525 casos em 2012 para 794 assassinatos em 2022.
Entre 2012 e 2022. “Nos onze anos analisados, o Distrito Federal reduziu a mortalidade violenta em -67,4%, seguido por São Paulo (-55,3%) e Goiás (-47,7%). No extremo oposto, os maiores aumentos das taxas de homicídio foram observados no Piauí (47,9%), Amapá (15,4%) e Roraima (14,5%), concluiu o relatório.

Quando analisado apenas os últimos cinco anos (2017 a 2022), o Piauí ganhou outro destaque negativo nesses tristes números. Neste período, enquanto, todos os outros estados sofreram uma redução no número de homicídios, as taxas de mortalidades violentas subiram em 25,5%, colocando o Piauí como um dos dois estados brasileiros mais violentos, junto com Rondônia, com um aumento infinitamente menor, de 2,8%.
– “Considerando as variações entre 2017 e 2022, as maiores reduções ficaram por conta do Acre, que logrou diminuição de -57,0%, seguido do Rio Grande do Norte (-49,1%) e Ceará (-45,9%). Apenas duas UFs obtiveram aumento da violência nesse período, Piauí (25,5%) e Rondônia (2,8%)”, destaca o relatório.
Confira como se deu a evolução da escalada da violência no estado, nos 11anos de levantamento da pesquisa, “Atlas da Violência”.
2012: A taxa era de 16,3, mortes para cada 100 mil habitantes;
2013 :18,6;
2014: 22,2;
2015: houve uma queda para 20,1;
2016: Taxa de 21,6;
2017: 19, 2;
2018: 19 0;
2019: uma queda para 17,4;
2020: 20,5;
2021: 23,3;
2022: 24,1.
Cidades mais violentas do Piauí.
As regiões em que essa violência aconteceu de maneira mais incisiva, ou seja, os municípios que apresentaram as maiores taxas de assassinatos entre 2012 e 2022, foram.
Cajueiro da Praia lidera o ranking com (138,2), Luís Correia (114,2), Ilha Grande (97,0), a maior cidade do estado, a capital Teresina (40,4), Parnaíba, Centro-Norte Piauiense, também chamou atenção com índices de violência de (47,5), ainda na região norte, Piripiri, também mereceu destaque com (56,5).
Chegada das facções criminosas no estado
Para os especialistas, o crescimento dos homicídios no estado do Piauí é fruto da chegada, do crescimento das organizações criminosas, e da disputa territorial pelo controle do tráfico de drogas, entre as duas maiores facções do Brasil, disputas, que não se concentram mais apenas nos grandes centros, acabaram também chegando nos pequenos municípios do interior. Todo esse cenário explica o aumento das taxas de mortes violentas no país.

Para o pesquisador e cientista social do IFPI – Instituto Federal do Piauí, Marcondes Brito, os dados são preocupantes, no caso do Piauí, é preciso ser acrescentado mais um ingrediente: uma negligência histórica do estado com a segurança pública.
– A primeira lição que isso nos dá, é de descaso, né, a lição em que houve uma relação de descaso com a política pública de segurança, né. E quando a gente esmiuça essa questão. ela fica Clara, né? Em que sentido ela fica clara? o Piauí foi o último estado da federação brasileira a fazer seu plano de segurança. É nesse plano que a gente coloca as metas e a gente monitora, a gente destina recursos, sem um plano de segurança, a segurança pública. Ela é alegórica, de muito barulho e pouco resultado, destacou o professor sociólogo.
A Secretaria de Segurança Pública do Piauí, não se pronunciou sobre os dados divulgado.