Em um cenário extremamente polarizado e marcado por tensões, Donald Trump, de 78 anos, foi eleito o 47º presidente dos Estados Unidos, derrotando a democrata Kamala Harris e selando um retorno sem precedentes ao poder após um mandato conturbado (2017-2021) e uma derrota amarga em 2020. Com 277 votos no Colégio Eleitoral—ultrapassando os 270 necessários —, o republicano reconquistou a Casa Branca após uma campanha agressiva centrada em economia, imigração e críticas ao “establishment político”. A vitória, confirmada na madrugada desta quarta-feira (horário de Brasília), consolida Trump como o segundo presidente na história americana a governar em mandatos não consecutivos, repetindo o feito de Grover Cleveland em 1892.
A noite da virada: Trump celebra e Harris silencia
Em discurso emocionado para apoiadores em West Palm Beach, na Flórida, Trump declarou: “Esta é a maior vitória política de todos os tempos. Vamos restaurar a grandeza da América!”. O republicano, que sobreviveu a dois atentados em 2024 — incluindo um tiro na orelha durante comício na Pensilvânia —, usou tom messiânico: “Deus poupou minha vida por um motivo: salvar nosso país”.
Enquanto isso, a equipe de Kamala Harris cancelou o evento de celebração em Washington, que acabou tomado por um clima de frustração. A vice-presidente, que herdou a candidatura após Joe Biden desistir da disputa em 2024, não conseguiu mobilizar a base democrata como esperado, especialmente entre jovens e eleitores negros.
O caminho da vitória: estados-chave e surpresas
Trump venceu em 27 estados, incluindo os decisivos Pensilvânia, Wisconsin, Geórgia e Carolina do Norte, onde sua retórica anti-imigração e promessas de redução de impostos ecoaram entre eleitores da classe trabalhadora. Dados de boca de urna revelam que:
– 45% dos eleitores hispânicos votaram em Trump (alta de 13 pontos em relação a 2020).
– 80% dos que consideraram a economia a prioridade optaram pelo republicano.
– Eleitores rurais e homens jovens foram determinantes para a virada.
“Foi a economia, estúpido”, resumiu um analista à CNN, referindo-se ao mal-estar com a inflação herdada do governo Biden.
Trump 2.0: o que esperar do novo mandato
O plano de governo republicano promete:
- “Maior deportação em massa da história”, com endurecimento de fronteiras.
- Cortes de impostos, incluindo isenção para gorjetas e horas extras.
- Confronto com a China, com tarifas de até 60% sobre importações.
- Revisão do apoio à Ucrânia, sinalizando pressão por um cessar-fogo.
Internamente, Trump já anunciou que “drenará o pântano” de Washington, substituindo burocratas por aliados leais. O controle republicano do Senado (51 cadeiras) facilitará nomeações de juízes e políticas controversas.
Reações e preocupações globais
Líderes europeus demonstraram apreensão com a possível retirada dos EUA de alianças como a OTAN. Já o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, parabenizou Trump: “Sua liderança é essencial para a segurança global”.
No mercado financeiro, o S&P 500 bateu recorde, impulsionado por expectativas de desregulamentação e cortes fiscais. O dólar subiu fortemente, enquanto o Bitcoin atingiu máximas, refletindo promessas de Trump de incentivar criptomoedas.
O legado de uma campanha polarizada
A eleição de 2024 ficará marcada pelo discurso extremista de Trump, que comparou imigrantes a “animais” e prometeu perseguir adversários políticos. Em comício no Madison Square Garden, chegou a afirmar: “Os EUA estão ocupados por inimigos internos”— declaração comparada por críticos a discursos fascistas.
Apesar das polêmicas, sua resiliência política impressiona: mesmo após duas condenações criminais e a invasão do Capitólio em 2021, Trump remodelou o Partido Republicano à sua imagem, agora mais radical e populista.
O futuro dos Estados Unidos e do planeta
A posse está marcada para 20 de janeiro de 2025. Enquanto isso, o mundo se prepara para um governo que promete ser imprevisível, disruptivo e fiel ao lema “America First”.
“Não descansarei até devolvermos uma América forte, segura e próspera”, prometeu Trump, encerrando seu discurso sob gritos de “USA! USA!”.